Até que chega a hora em que assistir não é mais suficiente, e resolvemos levantar da platéia, subir no palco, falar, gritar, chorar, sorrir, dançar, interpretar o que realmente somos. Sem medo. Talvez ele até exista, mas naquele momento nada mais importa. Os olhares criticando, as pessoas falando, o que isso vai mudar? Você está ali, sendo você, se descobrindo, sentindo, amando. Como em um jogo, onde nos arriscamos e muitas vezes perdemos. Em que quando se erra, o castigo é fingir, fingir na realidade, e abandonar uma, duas, ou até mais peças.
Os atores se perdem entre si, alguns não querem se achar. Muitos vão e não voltam, outros ficam na espera sem nem saber do que, e alguns continuam a procura de uma nova história. Mas eu, eu estou aqui. Aqui na platéia, só esperando você entrar em cena, você me chamar, e me dá o papel que quiser na sua peça. Só quero estar nela, apenas isso. Tentei fazer minha própria história, onde éramos protagonistas de um romance perfeito, mas tudo perdeu a graça, perdeu a cor, perdeu a vida, pois a perfeição não é pra mim.
Ainda estou reescrevendo meu conto de fadas, aonde apenas com pensamentos vou pra perto de você. Mas nessa história não vão existir cavalos brancos, castelos, bruxas ou dragões. Vai ser apenas eu e você, fazendo nada em algum lugar que não existe. Assim eu me imagino feliz, com você e mais nada em lugar nenhum.
Não tenho mais conseguido conter minha falta de atenção em outras peças, pois fico ansiosa apenas esperando a sua, a nossa, começar. E não vou parar de escrever, para que ela nunca tenha um fim. Para que não seja apenas mais uma historia com final feliz, e sim a nossa história feliz.